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  • Foto do escritorDra. Maíra Soliani

Calorias: A pergunta que não foi feita para emagrecer com sucesso



Por fim, uma resposta para “como perder peso”. São nossos hormônios, não calorias.


  • A resposta para como perder peso está nos nossos hormônios

  • Consumir menos calorias do que se gasta é uma maneira ineficaz de raciocinar para a perda de peso

  • Nossas respostas hormonais a diferentes alimentos são diferentes

  • Contar calorias não funciona

  • O Código da Obesidade explica como implementar um estilo de vida mais saudável e o por que as pessoas começam a engordar


Por Jason Fung, M.D., Co-fundador do The Fasting Method. Traduzido por Maíra Soliani, M.D/PhD.

Se você quiser saber como perder peso, precisará fazer outra pergunta importante. Por que você ganhou peso em primeiro lugar? Para uma pergunta tão fundamental, gastamos muito pouco tempo pensando na resposta. Por quê? Porque nós achamos que já sabemos sobre isso. Durante décadas, aprendemos que é simplesmente uma questão de consumir menos calorias que gastamos (a velha teoria do Balanço Calórico).


Dizemos que comer demais e se exercitar pouco causa obesidade. Essas verdades são consideradas tão evidentes que nem as questionamos. Portanto, pode ser surpreendente saber que o corpo humano não se importa com calorias. Não existem vias metabólicas no ser humano (ou qualquer ser vivo) que responda à calorias. Em vez disso, nosso corpo ganha ou perde gordura com base em sinais hormonais.


Um princípio básico da medicina moderna é entender melhor o que causa uma doença (a etiologia) leva a um tratamento eficaz. Por exemplo, se você entende que as infecções são causadas por bactérias, trata-as matando bactérias com antibióticos. Existem tratamentos que funcionam, apesar de não sabermos o porquê, mas nesses casos, é difícil fazer progresso científico. Então, o que causa obesidade? Não são simplesmente muitas calorias?



Calorias Ingeridas e Calorias Gastas (O Balanço Calórico)


O que são calorias? Calorias são unidades de calor e, quando aplicada aos alimentos, são a energia liberada pelos alimentos quando os mesmos são queimados em um calorímetro. Então, se você queima um pãozinho francês, são liberadas 300 calorias. Você também pode colocar um pequeno pedaço de madeira e liberar 300 calorias de calor nesse mesmo calorímetro. Calorias são unidades derivadas da física, não da fisiologia – a ciência dos seres vivos.

Nosso corpo não é um calorímetro e obedece a fisiologia, não a física. Comer um pão francês ou um pedaço de madeira dá na mesma do ponto de vista da física, mas é total e completamente diferente do ponto de vista fisiológico, porque a madeira não é um alimento para os seres humanos. Nosso corpo não sabe (e nem se importa) com quantas calorias existem no que comemos.



Em vez disso, os alimentos afetam hormônios, como insulina, mTOR, peptídeo YY, colecistoquinina entre outros, que sinalizam como o nosso corpo deve responder adequadamente. Se comemos um pãozinho (basicamente só carboidratos), ou um abacate (basicamente só gordura) ou um pedaço de madeira (não é um alimento), as respostas hormonais provocadas ao comer são completamente diferentes e, portanto, o efeito em nosso corpo também é completamente diferente.


Esse é o erro fatal no popular modelo “Consumir menos calorias que Gastar” (CMCG). Isso sugere que o fator primário (mas não o único) da obesidade são as calorias e a redução de calorias portanto é a base do tratamento. A obesidade é vista como uma equação de balanço energético, o “Balanço Calórico” da seguinte maneira:


Armazenamento de gordura = Calorias consumidas- Calorias gastas


Muitas vezes, nesse ponto, outra equação da física, a Primeira Lei da Termodinâmica, é frequentemente empregada, embora, mais uma vez, do ponto de vista da fisiologia, ela seja irrelevante. A Primeira Lei da Termodinâmica diz que em um sistema fechado, a energia não é criada nem destruída. Portanto, se você comer 300 calorias extras de pãozinho francês, ele deve ser armazenado como gordura. Isto é completamente falso. O que aconteceria se você comesse 300 calorias extras de madeira? Você engordaria? Obviamente que não, já que não a madeira não é um alimento que possamos digerir e metabolizar. Da mesma forma, se você ingerisse 300 calorias extras de pão francês, mas aumentasse seu metabolismo em 300 calorias, também não engordaria. O corpo, ao se deparar com 300 calorias extras de energia, pode excretá-las, queimá-las, usá-las para construir músculos ou armazená-las. Os 3 possuem respostas consistentes entre si se analisados sob as lentes da Física, mas desencadeiam respostas amplamente divergentes sobre o acúmulo de gordura corporal.


De acordo com o popular modelo “Balanço de energia”, você ganha gordura quando “Consome mais calorias” do que “Gasta Calorias”. Mas o que determina quantas calorias serão ingeridas e quantas serão gastas? Como somos nós quem decidimos o que comer, as “Calorias Ingeridas” dependem de nossas escolhas pessoais. Poderíamos ter comido brócolis ao invés de um saco de batatas fritas. Se assumirmos que a nossa taxa metabólica basal (a energia necessária para manter o metabolismo básico, como a produção de calor, para o funcionamento dos órgãos vitais como fígado, rins, cérebro etc.) é estável, a opção “Calorias Gastas” depende de quanto exercício fazemos. Isso também é algo que decidimos por nós mesmos – uma escolha pessoal. Poderíamos ter corrido na esteira por uma hora em vez de assistir TV.


Portanto, a conclusão do modelo do Balanço de Calorias é que a obesidade é uma falha pessoal – a causa da obesidade está no indivíduo. Comer demais (gula) ou se exercitar pouco (preguiça) são falhas individuais – na verdade, dois dos sete pecados capitais. Se perguntarmos aos ‘especialistas’, eles concordam que a chave para a perda de peso é comer menos e exercitar-se mais. O modelo do Balanço Calórico define que a obesidade é culpa do próprio indivíduo.


Mas aqui está um pensamento. Se tudo era escolha pessoal, por que tantos americanos ao mesmo tempo ‘decidiram’ por volta de 1977 tornarem-se indesejavelmente ​​obesos? Não foram apenas alguns americanos. Segundo o CDC, 71,6% dos americanos em 2020 estão com sobrepeso ou obesidade.



Então, qual é a solução? Se comer demais e se exercitar muito pouco é a causa da obesidade, então a solução é simplesmente ‘Comer menos e se movimentar mais’. E praticamente todos os profissionais de saúde (incluindo médicos e nutricionistas) concordam que este é o Santo Graal da perda de peso. Apenas coma algumas centenas de calorias a menos por dia. Conte suas calorias. Exercite-se mais. Todos nós já ouvimos isso antes. Mas há um grande problema com esta solução. Não funciona.



Contar calorias não funciona


Aqui está outro pensamento … se todos concordamos que conhecemos a cura para a obesidade e gastamos bilhões em educação e programas – por que ainda estamos engordando? Em outras palavras, por que essa ‘cura’ da obesidade baseada nas ‘verdades lógicas’ é tão ruim? Todos nós contamos calorias em todas as suas inúmeras e mais diferentes combinações. E isso quase nunca funciona. Não para você. Não para mim. Não para ninguém. Por mais que eu quisesse que isso funcione, não funciona. Então, podemos muito bem encarar esse fato.

O modelo do Balanço das Calorias não explica por que a obesidade se tornou tão prevalente, nem explica como fazemos para revertê-la. Como um paradigma de entendimento, é inútil.

Em vez disso, se você se concentrar nos hormônios, poderá entender mais claramente por que a obesidade acontece como tratá-la. Existem hormônios que nos deixam com fome e existem hormônios que nos deixam satisfeitos. Existem hormônios que nos tornam mais dispostos e ativos e existem aqueles que nos tornam mais preguiçosos. Portanto, o que determina quantas calorias entram e quantas saem não é tanto uma escolha pessoal, mas é determinada pelos nossos hormônios.



Os alimentos que ingerimos, mesmo que possuam as mesmas calorias, provocam efeitos diferentes em nossos hormônios, o que significa que nosso corpo responde de maneira diferente. Tudo isso significa que alguns alimentos engordam mais do que outros, uma verdade que a sua avó já sabia.


Além disso, a frequência com que você come também afeta seus hormônios, o que significa que o horário das refeições também desempenha um papel na maneira como nosso organismo reage. Tudo se resume a “O que comemos”, mas também ao  “Quando comemos”. A obesidade foi causada por uma mudança, por volta de 1977, nos tipos alimentos que comemos e na frequência que comemos.



Para conferir esta matéria no Blog do The Fast Method acesse:

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